Texto da especialista em felicidade e fundadora do Instituto Happiness do Brasil, Sandra Teschner
Vivemos uma transição. A pandemia mexeu com estruturas mentais já bastante fragilizadas antes dela. Ansiedade já é a terceira maior causa de absenteísmo nas organizações e nós ganhamos a cereja do bolo: vivemos, desde o ano de 2017, no País mais ansioso do planeta, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde.
Assim como a boa forma física eleva a capacidade de viver de forma mais autônoma e disposta, o treino da “musculatura mental” nos capacita a desfrutar dos mesmos atributos. Do aprendizado ao lidar com as emoções às reações que aprendemos a escolher e a formar sentimentos com menor probabilidade de vivenciar ou causar danos.
Nas organizações o alinhamento de valores e necessidades dos colaboradores, aos objetivos da empresa, devem dar a tônica da relação. Segurança mental e promoção de ambientes positivos impactam no lucro das empresas, enquanto desalinhamento entre discurso e práticas pressionam bons profissionais a resignar, um borbulho latente nesse caldeirão ansioso, estressado e carente de elementos que promovam regeneração.
Assumir ações para promover positividade (não confundir com positividade tóxica, que é a versão fake do otimismo genuíno, baseado em esforço e aprendizado) nada mais é do que decifrar os códigos que promovem o bem-estar subjetivo, acionando autorresponsabilidade, colocando ordem no ambiente interno, antes de elevar o diálogo à outra parte envolvida. Algo como arrumar a casa, antes de querer mudar o planeta, ou como explica o professor e psicólogo clínico Jordan Peterson no best-seller ’12 Regras Para a Vida’, “Você quer fazer do mundo um lugar melhor? Comece arrumando seu quarto!”, simples e funcional. Grande parte das pessoas que se manifesta por um mundo sustentável, ainda não separa o lixo em casa. Nas centenas de palestras que dou a públicos ecléticos, esta constatação faz parte do clássico momento coletivo mea-culpa.