Tudo em excesso pode se tornar um problema, até mesmo a felicidade.
É o que alertam os cientistas especializados no assunto.
Tudo em excesso pode se tornar um problema, até mesmo a felicidade. É o que alertam os cientistas especializados no assunto. “Não tem nada de errado em almejar ser feliz. Todos nós queremos isso. 0 problema está no excesso de otimismo, que pode ser tóxico, e na repressão das emoções de valência negativa. Todas as emoções são importantes e fazem parte da vida”, alerta a especialista em Ciência da Felicidade e Bem-Estar Denize Savi.
Ela completa: “A maior armadilha da positividade tóxica são as redes sociais, onde os influenciadores postam recortes felizes das suas vidas e pregam o mantra das boas vibrações, e quem os seguem acredita que aquilo é a vida ideal. Mas a felicidade sustentada não é isso”.
A especialista em Ciência da Felicidade Flávia da Veiga observa que hoje as pessoas confundem felicidade com prazer, alegria.
“Essas sensações são passageiras, instantâneas, por isso que a gente vive uma sociedade que é viciada em prazer. Estamos constantemente buscando mais prazer que esse tipo de percepção de felicidade não se sustenta a longo prazo por causa do sistema de adaptação chamado hedônica”.
Ela explica que, por causa desse sistema, as pessoas se acostumam com o prazer e querem sempre mais para buscar o mesmo efeito de alegria. “Por isso, vivemos uma sociedade que está sempre buscando estímulos prazerosos ao invés de realizar, buscar sua missão, sua essência”.
Então, a ideia de ser 10096 feliz d um mito, como alerta a médica Thais Silveira. “A vida d feita de oscilações, teremos dias mais fáceis e dias mais difíceis. Não trabalhar as emoções não d sinônimo de esquecer, muito pelo contrário. Viver de aparência de uma pessoa plenamente feliz é cansativo, e o preço que se paga pode ser alto demais”.
A neuropsicologia especialista em Ciência da Felicidade Sandra Teschner diz que sentir medo, raiva e até ficar triste faz parte da felicidade. “É ser tão feliz ao ponto de se dar ao luxo de ficar triste. A questão de não se demorar demais nesses lugares. Ser feliz não é o mesmo que ser um positivo tóxico. A felicidade é uma coisa duradoura, o que dura pouco é a alegria”.
A neuropsicóloga Adriana Foz conclui que a ciência não traz fórmulas sobre a felicidade. “Mas as principais pesquisas mostram que cada um cria sua própria felicidade e que não é uma linha reta, pois se sentir mais ou menos feliz faz parte da felicidade.
Prometi para mim que venceria
Alegria e alto-astral sempre foram as características marcantes da professora Beatriz de Carvalho Coelho, 40, e nem mesmo a surpresa de descobrir um câncer de mama em 2018 tirou sua felicidade.
A Tribuna
Você sempre foi uma pessoa alegre, feliz?
Beatriz Carvalho — Sempre! Menina alegre, otimista, gosto de ajudar pessoas. Sou sempre aquela amiga dos conselhos (risos). Gosto de festas, passear. Quando fiquei doente, precisei me cuidar, e muitos amigos se afastaram.
Como foi a diagnóstico da doença para você?
Estava na alegria da preparação do aniversário da minha filha de 15 anos. Foi um susto! Chorei, fiquei muito assustada, afinal, nunca imaginamos que isso vai acontecer com a gente. Mas conversei muito com meu médico e a primeira pergunta que fiz foi: ‘Não vou morrer, né? Tenho uma filha linda que sonhei a vida toda em ter, preciso estar ao seu lado e encaminhá-la para a vida’.
Coloquei meu joelho no chão e entreguei todo meu tratamento nas mãos de Deus, coloquei sorriso no rosto e prometi para mim mesma que venceria! E venci! Tem 10 dias que fiz a reconstrução das mamas.
Qual a segredo para se manter feliz nesse processo?
Acredito que as pessoas deixam o problema a ser maior que sua força de viver. Acho que nossos pensamentos contam muito, então acreditar que tudo é questão de fase e que as coisas passam é fundamental para se manter feliz mesmo em momentos tristes. Passamos por essas situações para aprender.
Receita de família
A professora e conselheira de família Valuzia Maria Ferreira Alves, 53 anos, contou que ser feliz é uma receita de família1ia. Ela disse que foi a mãe dela quem a ensinou a ser uma pessoa feliz e de bem com a vida, apesar das circunstâncias.
“Meus pais sempre foram muito presentes. Minha mãe era uma mulher alto-astral, cantava, cozinhava superbem, orava comigo todos os dias e as noites, e me contava histórias. Algumas eram inventadas, só percebi depois de adulta, mas era muito bom ouvir. Procura não deixar pessoas mal-humoradas ou tóxicas me abater. Sou sorridente naturalmente, sempre tento ter conversas de forma leve”.
“Eu já acordo sorrindo”
Para quem encara a vida com positividade, as coisas acontecem de forma feliz, alegre e positiva. É com essa filosofia que o empresário Rafael Aquino, 39, leva a vida junto com a mulher, Aline Bianca, 36, e os filhos Pedro Aquino, 8, e Alex Aquino, 16.
“Eu já acordo sorrindo. Acredito que só de a gente estar vivo, tem de ser grato a Deus. Tenho uma família maravilhosa, um trabalho que gosto muito. Sou animado e tudo está dando certo, não tenho como ser triste. Sempre penso que, quando estou feliz, alegre, atraio coisas e pessoas boas para alegrar a vida”.