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É possível aprender a ser feliz

Ser feliz não é exclusividade dos bem-dotados. É habilidade a ser aprendida, exige treino diário e garante recompensa.

Ser feliz não é exclusividade dos bem-dotados, mas uma escolha pessoal. É habilidade a ser aprendida e exige treino diário que envolve esforço e garante recompensa. 

Disponível para qualquer pessoa – independentemente de circunstâncias e condições de vida -, o aprendizado da felicidade alcança números impressionantes pelo mundo. Segundo dados publicados pela plataforma Coursera, “A Ciência do Bem-Estar”, oferecido pela Universidade Yale é o segundo curso mais procurado no mundo, com 3,45 milhões de inscritos, só perdendo em número de inscrições para o curso de Aprendizagem Automática da Universidade de Stanford, com 4 milhões de inscritos.

A professora e psicóloga Laurie Santos, criadora do curso, explicou durante sua passagem no último World Happiness Summit, na Universidade de Miami, que o ponto de partida para o curso foi sua percepção do aumento de casos de depressão e ansiedade entre os estudantes de Yale.

“A comparação com as notas entre os alunos, por exemplo, estavam levando os estudantes a uma situação de estresse, não potencializando a atenção plena no presente”.

O resultado dessa ideia é comprovado pelos números. Além do imenso sucesso nas plataformas virtuais, passaram pelas aulas presenciais (antes da pandemia) 1,2 mil alunos, outro recorde para a universidade. O podcast de Santos “The Happiness Lab” tem mais de 35 milhões de downloads.

Ser feliz é uma questão de hábito

O conhecimento é uma ferramenta, mas o que define o resultado de ser feliz é a mudança de comportamento. Segundo a Teoria Cognitiva Comportamental, criada pelo psiquiatra Aaron T. Beck, somos feitos de nossos hábitos, que, por sua vez, formam as nossas crenças e valores pessoais.

Sob essa ótica, a pandemia trouxe uma oportunidade. Fomos obrigados a fazer mudanças para nos adequar às limitações impostas pela situação planetária.

A crise sanitária nos obrigou a redescobrir prazeres esquecidos ou escondidos. Experiências geradoras de bem-estar como viagens, esportes ao ar livre, convivência em espaços públicos deixaram de ser uma opção.

Nosso cérebro vem sendo forçado a rever conceitos. Trata-se de uma excelente chance de emplacar um gol em direção a uma vida feliz.

A lista de atividades intencionais, que pode aumentar seu “bem-estar subjetivo” (termo cunhado pelo professor e pesquisador Ed Diener, cientista-sênior da Gallup, que nos deixou em abril) é longa. Porém, é simples de ser assimilada.

Lições para ser feliz

  • Invista em autoconhecimento. Só quem se conhece sabe o que o faz genuinamente bem. Experimentamos prazer ao realizar algo que reflete o nosso talento.
  • Ainda que os prazeres momentâneos, ou hedônicos, não garantam felicidade duradoura, provocam emoções positivas e estas são um dos pilares da felicidade. Cultive-os.
  • Crie um registro de gratidão. As demandas diárias costumam nos tirar do foco do que já temos (de bom) e fixar no preenchimento do que falta. A professora Laurie Santos sugere que se escolha periodicamente alguém para agradecer com uma carta, um e-mail. De preferência uma pessoa que tenha nos beneficiado de alguma forma, abriu alguma porta, ofereceu uma nova perspectiva e que nunca agradecemos devidamente.
     
  • Estudos da Chicago Booth School of Business e da University of British Columbia provaram em imagens que as pessoas se sentem mais felizes dando do que recebendo. Recompensas emocionais dos gastos sociais, como doar dinheiro para um banco de alimentos, foram até mesmo rastreadas em exames de ressonância magnética em um estudo da Universidade de Oregon.  Seja cuidando de alguém ou ajudando financeiramente. Mais circuitos neurais são alcançados na doação do que no ganho. A regra do dividir para multiplicar, funciona.
  • Tenha uma causa. A vida sempre precisa de um sentido e a química que suporta o bem-estar sabe disso. Um propósito não precisa ser uma ideia intangível e utópica. Qualquer maneira de assumir as responsabilidades por você e pelo mundo à sua volta fortalecem a noção de integração mínima necessária para experimentar a felicidade.
  • Ganhe tempo. Não gaste os dias apenas ganhando dinheiro para usufruir depois. Estudiosos relatam que a gestão do tempo é um dos fatores de maior impacto contra a ansiedade e o estresse. Invista seu tempo aproveitando o processo. A felicidade precede o sucesso.
  • Cultive o otimismo. Pratique a observação do lado positivo de cada situação. É uma prática de foco: ter consciência do que não está bom é importante para a evolução humana. Emoções positivas e negativas fazem parte de uma vida feliz, quando não fixamos nossa atenção apenas nas negativas.
  • Faça atividades físicas diariamente. Não importa o que, contanto que sejam feitas. A regularidade também é inegociável. 
  • Nutra relações qualitativas. Busque a convivência com aquelas pessoas que promovem o melhor em você, invariavelmente serão aquelas com quem você pode ser, quem você de fato é. 
  • Viva no presente, cultive a atenção plena. Existem inúmeras ferramentas: meditação, oração, contemplação. Quando estamos conscientemente vivendo “o aqui e agora”, não estamos ansiosos com a expectativa com o futuro, nem depressivos pelos nossos erros do passado. 
  • Desenvolva estratégias para lidar com problemas. Elabore e pratique maneiras de suportar ou superar um estresse, uma dor ou trauma recente. Aceitar o que você não pode mudar é uma sabedoria milenar e adotada pela Ciência da Felicidade. Aceitar não é sucumbir, mas estar consciente da mudança, prontos para decidir o que faremos a partir dela. 

Fonte: https://oespecialista.com.br/opinioes/ser-feliz-sandra-teschner/